segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Árvores Mortas - parte 1

Dividi a história da minha vida em duas partes, do zero aos 10 anos e depois dos 10  até hoje. Fiz um texto resumindo tudo e contando as princípais partes. Essa é a primeira:


Nasci em uma cidade do eixo rio-são paulo na década de 80, filho de um rapaz qualquer com uma moça qualquer, ambos na faixa dos 20 que se casaram devido a gravidez acidental. O casamento durou pouco tempo, menos de 2 anos.
Minha mãe sempre teve problemas de convivência que talvez possam ter sido causados pelos inúmeros medicamentos que ela tomava durante sua infância e adolescência. Meu pai era o típico playboy que se apaixonou pela moça simples, porém nunca abandonou a vida de ganharão e por isso sempre traia minha mãe, fato este que levou ao fim do casamento.
Eu me recordo vagamente da cena, onde eu estava no portão da casa dos meus avos (morávamos no fundo, eu e minha mãe) chamando por meu pai que não vinha visitar, pois sua nova esposa o proibia. Depois descobri que essa situação ocorreu por quase um ano.
Com 3 para 4 anos minha mãe se envolveu com um drogado e aí começou a novela mais insuportável da minha vida, minha avó paterna começou a brigar pela minha guarda e daí em diante vivi essa guerra até meus 11 anos.
Minha mãe se separou desse rapaz viciado em pouco tempo e alguns anos depois conheceu uma pessoa maravilhosa.
Aí eu já estava com 5 anos, não diferente de muitas crianças eu viva em uma realidade paralela, onde eu achava que eu era um super-herói que falava com os animais, e era amigo de animais selvagens. Comecei nessa época ganhar muito peso e a desenvolver um hiperfoco por anatomia humana, com 5 anos de idade eu sabia bem como desenhar um coração humano, um cérebro, suas funções e desenhar um esqueleto humano, isso foi alavancado pelo fato de minha mãe ter começado um curso técnico em enfermagem na época.
Então fiz 6 anos de idade, praticamente sem amiguinho algum e bem perdido no meu mundinho. Entrei para a escola e lá começa o segundo inferno da minha vida!
Eu não gostava de me socializar, sozinho era ainda pior e na escola onde eu estudava existiam dois alunos que torturavam todos os outros psicologicamente,  eles pegavam aluno de cobaia e ficavam batendo nele e torturando ele na frente de sala e todo mundo tinha que ficar olhando e se alguém risse ou chorasse apanharia também.
Eu nessa época já era obeso e por isso sofri muito com bullying e só de pensar em ir para a escola eu entrava em desespero e começava a passar mal. Minha mãe não soube lidar com isso, me deu uma surra, destruiu meu videogame e disse que se soubesse que eu seria assim ela teria me abortado, palavras que nunca esqueci!
Não a culpo por nada, ela sempre teve os problemas dela e não sabia direito como lidar com isso, trabalhava em dois empregos para me sustentar, tinha sido abandonada pelo marido com um filho bebê.
Como minha mãe trabalhava muito eu fui criado pelos meus avos materno, e foi isso que salvou minha infância, eles foram meus heróis!
Minha avó paterna achou que eu não lidava bem com o fato de meu pai ter outra mulher, mas eu nem entendia na época, e ela resolveu me colocar na psicóloga. Era engraçado, pois eu ia lá para brigar com ela e xingar os outros "aluninhos" dela. Eu tinha entre 5 e 6 e não conformava como uma criança de 10 anos não sabia desenhar pássaro ou um coração de verdade, e eu ficava perguntando se eles eram burros.Depois de um ano de tratamento ela disse a minha avó que deveria me levar um psiquiatra e minha avó fez isso, mas como ela sempre teve muito problemas psicológicos, ela não entendeu nada o que o psiquiatra dizia, mas me lembro que depois de alguns meses ele disse que eu tinha princípio de síndrome de asperge, entretanto minha avó não entendeu nada e ela estava quase para se mudar de cidade para ir morar com meu avô onde ele trabalhava e tudo ficou por isso mesmo.
Minha mãe se casou de novo e continuou morando no fundo da casa dos meus avos. E aí começou a segunda parte da novela da minha guarda, meu pai não me pagava pensão e isso fez minha mãe processá-lo por dezenas de vezes, eu passei a infância com a sombra da possibilidade de meu pai ser preso, pois minha mãe jogava na minha cara sempre essa possibilidade. Às vezes eu achava que ela era dura comigo por ela ver meu pai em mim.
Nessa época meu pai começou a aparecer mais e isso só complicou as coisas, quase toda semana ele ia me buscar e era sempre igual: os dois faziam o maior carnaval na frente da casa dos meus avos e eu era obrigado a ouvir tudo, eu só ficava chorando no sofá da sala e depois ainda tinha que agüentar minha mãe passar o dia todo jogando na minha cara que meu pai era um vagabundo, um cachorro e muitas outras coisas, isso aconteceu quase todo mês entre os meus 7 e os 10 anos.
Com 8 anos de idade eu comecei a dormir uma vez por mês na casa dos meus avos paternos, que sempre foram muito carinhoso comigo e me mimavam bastante por ser o primeiro neto.
Nessa época eu descobri minha paixão, a física teórica e a cosmologia/astronomia, eu passava dias e dias focado no assunto e já tentava teorizar como o universo surgiu e o porque de nunca terem encontrado o meteoro de Tungusca, a parte eu carregava um hiperfoco muito antigo por dinossauros (desde que me tenho lembranças eu amava dinossauros).
Eu continuava odiando escola e nessa época eu tinha 1 amigo, era bem gordinho e sofria muito com isso! Não gostava me socializar, era muito quieto e passava horas sozinho desenhando e criando histórias de super heróis, meu mundo acontecia no tapete da sala da casa dos meus avos materno. Meu pai não entendia a situação e me chamava de autista ou de anti-social, minha avó paterna achava que eu era doente.
Nesse período testemunhei brigas violentíssimas entre meu pai e minha avó, onde meu pai quase chegou a agredir ela,  também a mulher do meu pai dizer que queria que eu morresse e coisas assim... Meu avô paterno foi um dos homens mais corretos que conheci e ele me ensinou muito sobre a vida, porém eu não tive tanto contato com ele até meus 10 anos de idade, pois ele era chefe em uma multinacional e morava em outra cidade.
Cresci com pessoas de todos os lados dizendo que meu pai era um moleque caloteiro, safado, cachorro, mulherengo e etc., porém em meio a essa guerra meu avô materno e minha avó se mantinham sólidos e não tomavam lado algum, eles nunca abriram a boca para condenar ninguém e essa pureza de espírito deles era a única coisa que me deu paz na infância, que era meu porto seguro. Meu avô materno todos os dias antes de dormir me contava histórias que ele inventava na hora e me fazia brinquedos de madeira, ele era pedreiro e quase não tinha dinheiro para nada e ainda sim fazia tudo por mim e foram eles que salvaram minha infância, que deram o toque doce a tudo. Devo a eles a pessoa que sou hoje!

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